Quando as saudades apertam...

É na escuridão e no silêncio da noite que algo fica diferente em mim. É algo que se vai instalando aos poucos, percorrendo toda a minha pele. O meu corpo fica pesado, sinto me acorrentada. Na minha cabeça gira um tornado de pensamentos. As mãos tremem, a garganta fica seca, a voz enfraquece.
Sinto aquelas pequenas gotas a formarem-se nos olhos, eu sei que elas querem sair, sei que elas querem deslizar pelo meu rosto. Tento prendê-las, tento fugir, tento de tudo, mas sei que não me posso esconder. Faça o que fizer, elas encontram me sempre. Quando as saudades apertam, não há esconderijo que salve, não há armadura que proteja. Não adianta correr, porque elas já estão um passo à minha frente.
Eu tento ser forte, não quero sair como vencida, não quero ser dominado pela fraqueza, pela tristeza. Porém, todo esse esforço não é suficiente, as saudades são mais fortes do que nós, as lágrimas são lâminas que cortam os nossos olhos. Um manto negro envolve-se em mim e a melancolia abraça-me. 
Quero libertar-me, quero gritar, mas a única coisa que consigo fazer é chorar. Quando as saudades apertam, tudo fica mais cinzento, o mundo desaba e o coração aperta. Amanhã tudo vai passar, mas o tempo é lento e a vida tem gosto em me torturar. Há algo que falta na minha vida, há um espaço vazio no meu corpo e todas as noites há uma lembrança disso. 
As saudades mais dolorosas são aquelas que não podemos matar, aquelas que ficam a doer no peito, carregamo-las todo o dia e quando chega a noite elas querem sair. Mas, não têm para onde ir. Nem nós temos para onde ir quando as saudades apertam... Estamos sozinhos. Dia após dia, este aperto no coração vai aumentando, vai crescendo e sufocando.
Fechamos os olhos e viajamos no passado, viajamos para aquele momento que tanto queríamos reviver, viajamos para os braços de quem não esta cá para nos abraçar. Mergulhamos num sonho profundo em busca de calma e tentamos apaziguar a dor. As saudades foram feitas para morrerem nos encontros, nos abraços e nos beijos, e não para morrerem dentro de nós.

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